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INVESTIMENTOS SUSTENTÁVEIS E A TENDÊNCIA ÀS ENERGIAS LIMPAS

Frente ao aumento populacional e da atividade industrial, com consequente aumento no uso dos recursos naturais do planeta, é notório como os níveis mundiais de poluição estão crescendo progressivamente. Com isso, preocupações com o tema de investimentos sustentáveis e energias limpas, ainda que timidamente incentivados pelos governos, têm ganhado cada vez mais destaque.

Uma rápida introdução


O tema segue como tendência no mundo inteiro e já está consolidado o entendimento de que seguindo os níveis de poluição existentes, a busca por fontes renováveis é um caminho irreversível e necessário para o combate às mudanças climáticas, na tentativa de preservar recursos para as gerações futuras.

As fontes de energia são matérias-primas essenciais para a vida humana, seja para o funcionamento das indústrias, atividades agropecuárias, uso domiciliar, meios de transporte, como no comércio em geral. Atualmente, o petróleo, o gás natural e o carvão mineral ainda são os recursos energéticos mais utilizados no mundo. No entanto, como combustíveis fósseis, falamos de recursos esgotáveis e que, no processo de queima, liberam quantidades elevadas de gás carbônico na natureza. Como alternativa às energias não-renováveis, existem fontes de energia limpas, que visam a diminuição dos impactos gerados ao meio ambiente e geralmente são materiais com menos limitações na natureza.

Segundo dados da Bloomberg New Energy Finance (BNEF), em 2019, os investimentos mundiais em fontes de energia renováveis atingiram o valor de US$ 282,2 bilhões, o que representa um aumento de 1% em relação aos números de 2018. Entre os países que mais investiram nas fontes limpas, a China se destaca com US$ 83,4 bilhões, seguida dos Estados Unidos, que investiram US$ 55,5 bilhões. É curioso o fato de que os dois países que mais poluem o planeta serem os maiores investidores em energias limpas, o que demonstra a preocupação mundial sobre os níveis atuais de poluição e geração de energia.

Ao analisar apenas sob o aspecto da América Latina, o Brasil é o maior investidor em energias renováveis, com o valor de US$ 6,5 bilhões em 2019, um aumento de 74% em comparação ao ano anterior. O ministro de Minas e Energia do país, Bento Albuquerque, afirmou, em maio de 2019, que o Brasil fará investimentos na ordem de R$ 226 bilhões em energias renováveis nos próximos dez anos.


Fonte: Our World in Data. Adaptado: Tradução livre.

Como mostra o gráfico acima, as hidrelétricas são a principal fonte da matriz energética brasileira. No ano de 2019, a energia hidrelétrica foi responsável pela geração de 400 TWh, o que representa um número muito superior às demais fontes. No entanto, embora a geração hidrelétrica seja uma fonte renovável, ainda tem como consequência seus impactos ambientais. Nos últimos anos, duas energias limpas têm sido timidamente incentivadas pelas autoridades governamentais: a energia solar e a energia eólica. De acordo com o gráfico ilustrado, os investimentos em energia eólica se iniciaram em meados de 2012, enquanto para a solar o movimento é mais recente, com início significativo apenas em 2018. Ambas as energias ainda têm uma geração bem inferior ao marco de 100 TWh, mas se mostram promissoras ao longo prazo. Especificamente sobre a energia solar, iremos explorar melhor abaixo.

Crescimento da energia solar no Brasil


A energia solar fotovoltaica é a conversão dos raios solares em eletricidade. Os painéis fotovoltaicos absorvem a luz natural durante o dia e não necessariamente o clima deve estar ensolarado, mas uma menor quantidade de nuvens no céu auxilia na maior produção de energia. A localização do território brasileiro, próxima à Linha do Equador, é uma vantagem que garante uma maior incidência desses raios ao longo do ano. A energia solar então, no caso brasileiro, se mostra uma fonte com perspectivas claras de crescimento.

A Associação Brasileira de Energia Solar (ABSOLAR) estima que a quantidade de energia solar instalada no Brasil entre 2018 e 2020 cresceu cerca de cinco vezes. Os números mostram que 72,4% dos sistemas de energia fotovoltaica no país estão direcionados para o uso residencial, com cerca de 255 mil instalações.


Exemplo de placas de energia fotovoltaica. [Imagem: Reprodução]

Assim como qualquer outra fonte energética, a energia solar tem uma série de vantagens e desvantagens. Do lado positivo, destaca-se o fato de ser uma energia inesgotável e não poluente. Enquanto isso, ainda há um argumento negativo defendido por milhares de pessoas: os altos custos de instalação dos sistemas fotovoltaicos.

De acordo com dados de empresas de painéis de energia solar, a instalação de um sistema residencial custa cerca de R$ 19.000,00, valor inacessível para milhões de brasileiros. Porém, cabe lembrar que esse custo é pago apenas na instalação e o custo de manutenção é baixo. Ou seja, embora pareça caro de início, o investimento se mostra mais vantajoso a médio e longo prazo.

Outro ponto a ser considerado para a instalação dos painéis fotovoltaicos é a questão regulatória. Atualmente, em sistemas instalados em residências, o consumidor paga apenas um mínimo para a distribuidora, chamado de custo de disponibilidade. Essa regra atual está em revisão pela agência reguladora (ANEEL) e, caso seja modificada, irá influenciar no payback do investimento, visto que haverá cobranças adicionais relacionadas ao uso do sistema de distribuição pela geração dos painéis de energia solar que é injetada no sistema durante o dia e compensada no período sem sol.

O investimento nas placas fotovoltaicas


Apesar do valor parecer ser acima da média, ao considerar instalar ou não a energia solar em casa, deve-se fazer um comparativo em relação a energia elétrica comum. Como explicado anteriormente, a maior parte da energia elétrica distribuída no Brasil provém das usinas hidrelétricas e, em períodos de estiagem, as termoelétricas são acionadas. Nesse cenário de estiagem, a energia elétrica no Brasil se torna mais cara e ainda segue afetada pelos efeitos da inflação. Quando analisados sob esse aspecto, os sistemas de energia solar se mostram mais lucrativos. Segundo dados da ABSOLAR, o usuário passa a ter retorno financeiro a partir dos 4 a 7 anos de uso das placas fotovoltaicas. Pensando que os sistemas duram cerca de 25 anos, o prazo para retorno se mostra mais factível.


Fonte: Our World in Data. Adaptado: Tradução livre.

Os dados dos investimentos mundiais explorados na introdução se tornam ainda mais claros com a ilustração de um mapa. Conforme citado, a China é o país que mais investe em energia solar e o maior gerador, com 223,8 TWh no ano de 2019, seguida dos Estados Unidos, que geraram 108,4 TWh no mesmo ano. O Brasil e o Chile são os destaques da América do Sul, mas ainda têm um potencial de crescimento significativo.

Frente à realidade dos números mundiais, é interessante ressaltar quão atrativo o investimento em placas fotovoltaicas se torna frente aos demais ativos do mercado neste cenário macroeconômico atual, com taxas de juros baixas e, em alguns países, até negativas. Na perspectiva de risco do investimento, ele está atrelado apenas à manutenção, que geralmente parte do escopo dos próprios instaladores do sistema fotovoltaico, aos eventuais acidentes com os equipamentos, usualmente cobertos por seguros oferecidos na própria instalação, e às mudanças regulatórias, que eventualmente podem influenciar no prazo de retorno do investimento. Pela ótica dos benefícios, um outro fator que pode incentivar o investimento nos sistemas fotovoltaicos, além do baixo risco e retorno considerável, é a valorização imobiliária obtida, já que a venda ou a locação de um imóvel que tenha energia solar são muito mais atrativas.

Caso o interessado em investir nas placas fotovoltaicas não tenha o recurso disponível ou uma estrutura para a instalação das placas, há também empresas na vanguarda dessa tendência que financiam esse tipo de serviço ou que utilizam meios inovadores para democratizar o uso da energia solar, a fim de facilitar a disseminação da compra e do uso de sistemas solares. A FSolar, por exemplo, investe na construção de fazendas solares e vende a energia produzida para consumidores finais, que possuem interesse em usufruir dos benefícios da energia solar, porém não possuem espaço disponível para a instalação das placas. Assim, a alternativa permite democratizar o uso dessa energia mais barata e limpa.

De olho nas tendências


Os benefícios de uma energia limpa devem ser progressivamente difundidos entre a população. As fontes renováveis são uma forma de combinação entre o desenvolvimento socioeconômico e a preservação da natureza. As mudanças climáticas no planeta todo estão cada vez mais agressivas e é papel de cada indivíduo contribuir com a mitigação dos efeitos do aquecimento.

De acordo com a BNEF, em um período de trinta anos, as energias renováveis serão líderes da matriz energética mundial e serão responsáveis por aproximadamente 48% da geração de energia no planeta.

No mesmo relatório, a BloomblergNEF afirma que as energias alternativas representarão 77% dos investimentos em energia até o ano de 2050, o que mostra um aumento significativo na procura por essas fontes renováveis.

Deste modo, as estimativas já mostram: as energias limpas são as fontes do futuro. Além de cuidar do meio ambiente, elas oferecem o mesmo desenvolvimento de uma fonte agressiva à natureza.

Logo, cabe apenas refletir sobre os impactos positivos na economia e no ambiente ao considerar a adoção de uma fonte limpa. A energia elétrica comum só tende a aumentar preços progressivamente e as fontes renováveis são alternativas energéticas e climáticas inteligentes.